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À medida que navegamos pela era digital, nossa sede por conhecimento e habilidade tecnológica continua a crescer exponencialmente. Frequentemente, há uma desconexão entre o que aprendemos teoricamente e o que praticamos; por esse motivo, muitos de nós aspiramos a levar os conceitos e ferramentas que exploramos no âmbito profissional e acadêmico para dentro de nossos espaços pessoais. Afinal, se não somos desafiados com determinadas oportunidades no ambiente de trabalho, por que não criar essa demanda no conforto de nossas casas?

Implementar um servidor próprio em casa pode soar como uma empreitada cara e técnica, mas a realidade pode ser bem mais acessível. A necessidade de recursos é relativamente baixa, uma vez que somos nossos próprios usuários e a demanda de acesso não é tão intensa como em um ambiente comercial. Apesar disso, a flexibilidade de hospedar nossos próprios serviços e executar máquinas virtuais é extremamente valiosa. É uma oportunidade de colocarmos em prática o que aprendemos, em um ambiente controlado, com a liberdade de experimentar e crescer - um laboratório particular sob medida para a inovação e o aprendizado contínuo.

Há um encanto singular em trazer à vida um projeto prático de tecnologia. A experiência de executar serviços e aplicações de forma real, acessíveis fora do ambiente local, é incomparável. Ao configurar seu próprio servidor, você sairá da teoria para a prática, testando suas habilidades e aplicando-as de maneira concreta e tangível. Isso não apenas oferece um sabor de autenticidade ao seu aprendizado, mas também fornece uma perspectiva realista do que significa gerenciar e manter um serviço em funcionamento 24/7.

E o custo?

Iniciar um servidor em casa não precisa ser uma despesa proibitiva; na verdade, é uma jornada que pode começar com o que você já tem. Aquela máquina mais antiga, empoeirada e esquecida em algum canto pode se transformar na porta de entrada para o seu ambiente de servidor. Transformar um PC ou laptop que já cumpriu seu ciclo de vida principal em um servidor doméstico é uma demonstração clássica de reutilização inteligente e sustentável.

Antes de mergulharmos nas especificações da montagem de um servidor, vamos desmistificar os custos associados a este projeto:

• Custo de energia: Uma consideração importante é o balanço entre eficiência energética e a performance. Processadores de baixo consumo, como os modelos com TDP reduzido (Thermal Design Power), são vitais para manter a conta de luz em baixa. Embora uma alternativa como o Raspberry Pi possa parecer uma solução economizadora de energia, a proposição aqui vai além, buscando um compromisso entre um baixo custo operacional e a capacidade de expansão futura. Afinal, é certo que, uma vez que desfrutamos das vantagens de um servidor, sempre encontraremos novos usos e serviços para implantar.

• Domínio: Ter um servidor rodando localmente e não ter acesso remoto não tem muita graça. É um custo anual que deve ser levado em consideração. Não precisa ser um domínio .com.br. Vários sites oferecem um domínio por $1 Dólar. Por exemplo, o domínio puziol.xyz no momento que eu escrevi custa $0.99. Eles querem que você assine a primeira vez para te ganhar e depois aumentam o preço. Observe que Retail no outro ano é $12.98 Dólares. Recomendo até que comece com um domínio baratinho e se sua empreteitada com o servidor vingar siga para um domínio .com.br ou algum outro do seu interesse que o valor seja fixo. No registro.br temos um preço fixo de R$40,00 e não temos supresas com valores.

• IP Fixo: Para um servidor doméstico, a necessidade de um IP fixo pode ser facilmente contornada com o uso de serviços DDNS (Dynamic Domain Name System), que são eficientes em atualizar seu endereço IP dinâmico. Adicionalmente, recomenda-se optar pela Cloudflare como seu provedor de DNS, que além de ser gratuito, oferece benefícios na performance e segurança do seu domínio.

Montando um Server

Falando um pouco de hardware, saiba que não é necessário nada especial, como mensionado anteriormente é possível fazê-lo com qualquer máquina empoeirada, mas se for necessário comprar uma máquina nova leve os itens abaixo em consideração.

• Processador: Busque um processador que apresente um baixo consumo energético, ainda oferecendo um número satisfatório de núcleos. Durante um bom período, utilizei um Intel Core i3 6100T, que possui um TDP (Thermal Design Power) de 35W. Apesar de eficiente, ele contava com apenas 2 núcleos e 4 threads. Atualmente, migrei para um Intel Xeon E3-1260L V5, que oferece 4 núcleos e 8 threads, adequando-se às minhas necessidades crescentes de processamento e mantendo um TDP relativamente baixo de 45W. Pude realizar esse upgrade de forma conveniente, pois o novo processador era compatível com a minha placa-mãe já existente. Uma atualização para um modelo ainda mais avançado exigiria a substituição também da motherboard, o que tornaria o processo impraticável. Mesmo considerando que o E3-1260L V5 é um processador lançado em 2015 e estamos no ano de 2024, ainda é uma opção relevante. Adquirir um equipamento mais atual pode ter um custo elevado e há a possibilidade de que seu potencial total nem seja totalmente aproveitado no uso cotidiano. Além disso, CPUs com baixo TDP têm a vantagem adicional de gerar menos calor. Para quem está considerando a aquisição de um novo processador, recomendo olhar para a série "T" dos Intel Core i7, que dispõem de GPU integrada. O i7 8700T, por exemplo, seria uma excelente escolha, unindo eficiência energética a um desempenho robusto, sem ser excessivamente antigo.

• Placa mãe: A placa-mãe acompanhará o processador de sua escolha. Não é necessário buscar por algo sofisticado, mas sugiro uma placa-mãe Mini-ITX, que se ajusta a um gabinete compacto e economiza espaço em sua casa. Certifique-se de que ela possua vídeo onboard e, idealmente, ao menos quatro portas SATA – isso é crucial se você pretende configurar um servidor de arquivos mais adiante.

• Placa de video: Não é necessário. Aumentaria o consumo e necessitaria de uma fonte mais potente. Em casos específicos como IA seria bem vindo, mas pense nisso depois que já tiver expert.

• Memória: Opte por maior capacidade de memória RAM possível, mas saiba que você pode expandi-la conforme a necessidade. As placas-mãe ITX, mencionadas anteriormente, geralmente oferecem duas entradas para memória. Se escolher esse formato, comece com um único módulo de 16GB, ao invés de dois de 8GB, para garantir a possibilidade de expansão futura.

• Fonte: Se não tem placa de vídeo então uma fonte de 400W de boa qualidade é o suficiente.

• Discos: A escolha dos discos rígidos é crucial, pois reflete diretamente no propósito e na eficiência do seu servidor. Muitos usuários de HomeLab transformam os seus servidores em potentes servidores de arquivos – uma espécie de Google Drive pessoal – e esta é frequentemente a parte mais onerosa do setup. Opte por HDs desenhados especificamente para uso em NAS, como os modelos WD Red ou Seagate IronWolf, que são construídos para operar contínua e confiavelmente em ambientes de rede. Ter ao menos dois desses HDs para montar um RAID é fundamental, assegurando redundância e proteção contra falhas de disco. Embora não seja mandatório, a inclusão de um SSD dedicado para cache pode beneficiar significativamente o desempenho. Com a alta velocidade de um SSD atuando como uma área de transferência temporária, você alivia a carga dos HDs principais, poupando-os para operações que exigem acesso constante a dados. Assim, os HDs maiores podem ficar em standby a maior parte do tempo, o que conserva energia e estende sua vida útil. Esse SSD pode descarregar periodicamente os dados para os HDs mecânicos, otimizando assim o fluxo de trabalho do seu servidor.

• *Gabinete: Existem gabinetes compactos no mercado que acomodam até quatro HDs. Não é necessário priorizar funcionalidades como Hot Swappable – a troca rápida de HDs sem desligar o gabinete – já que, provavelmente, você não estará constantemente removendo ou inserindo novos discos. Por exemplo, utilizo o Bitfenix Phenom Mini ITX que ilustra bem a eficácia de uma solução simples e funcional para a montagem de um servidor caseiro.

• Nobreak: Inicialmente, um nobreak pode parecer um item de luxo para o seu servidor caseiro. De fato, só adquiri um após quatro anos de uso do meu próprio servidor. A necessidade de um nobreak varia conforme a qualidade do fornecimento de energia elétrica na sua região. Para começar, um filtro de linha de boa qualidade pode oferecer proteção suficiente contra surtos e variações menores de energia.

Fazendo busca rápida em preços temos:

• Fonte 400W 300 Reais (Recomendo comprar novo)
• Memoria 16GB 350 Reais
• Processador 8700T 700 Reais com coolerbox
• Placa mãe 350 Reais
• Gabinete 250 Reais (Dá para economizar )
• SSD 1 500Gb para cache 280 Reais
• 2 HDS Nas 1200 Reais
• 2 Fans para ventilação 60 Reais

Se optar por adquirir cada componente separadamente e novos, o custo total pode chegar a aproximadamente R$ 3500 Reais, mas se comprar um kit placa mãe, processador e memória juntos e arrematar algumas peças usadas os custo pode cair drasticamente.

Se retirar os HDs para NAS e deixar somente algum que você já tiver para não gastar tudo de uma vez o valor de uma máquina nova chegará em 2000.

Uma outra opção são aqueles mini computadores tipo um Mac Mini que encontramos barato na china. São bem práticos e baratos. Se não for fazer um servidor de arquivos pode ser uma ótima opção.

Qualquer coisa é bom, basta ter alguma coisa!

Sistema Operacional

Para potencializar nossa máquina e transformá-la em um servidor eficiente, necessitamos de instalar um sistema operacional que funcione como um hypervisor de nível 1, ou "bare-metal".

Um ótimo exemplo nessa categoria é o Proxmox. Este sistema baseado em Linux é projetado especificamente para ser instalado diretamente no hardware do servidor e atuar como uma plataforma de virtualização. Com o Proxmox VE, podemos gerenciar tanto máquinas virtuais como contêineres, otimizando recursos e oferecendo alta disponibilidade com a conveniência de uma interface web intuitiva.

O ProxMox não possui conteinerização builtin com Docker, somente LXC (Linux Containers). Para trabalhar com o Docker necessário criar uma máquina virtual, instalar o Docker e Portainer para ter uma interface gráfica para trabalhar com os containers.

Outra alternativa é o Unraid que resolve todos esses problemas, utilizo e gosto muito, mas adiciona um custo extra ao projeto. Diferente do ProxMox o Unraid já tráz consigo no core do sistema a possibilidade de trabalhar com containers buscando-os inclusive em um app store da comunidade e pré configurado. A licença é vitalícia, sendo a mais barata 49 Dólares. Acho que antes de resolver se vai usar o ProxMox ou o Unraid faça um tour sem compromisso por ambos. Uso a seis anos, passei por vários updates e nunca tive problema, nada como ter PAZ.

No ProxMox você precisará gerenciar o sistema operacional das máquinas virtualizadas e do próprio ProxMox, no Unraid eles atualizam tudo e você só gerenciar das vms que você utilizar, se utilizar, pois a maioria dos serviços hoje rodamos em containers.

O Unraid esta mais para concorrer com o Synology com o sistema DSM. Te dá uma interface gráfica e facilita a instalação de muitos serviços. A diferença é que o DSM só vem instalado nos dispositivos Synology que usam caro. É possível instalar em um hardware diferente? Sim é possível, mas é certo? Não e também não temos suporte.

Algumas Sugestões de Serviços

Só para te dar um overview do que é legal instalar de primeira.

• Adguard para bloquear sites, controle parental, ad blocking, e muito mais.
• Wordpress para fazer seu site.
• Jellyfin como servidor de organizador de mídia. Veja tudo na sua TV! O plex, ou o kode também fazem a mesma coisa.
• Bitwarden seja dono do seu próprio servidor de senhas, chega de guardar senha em cloud alheia!
• Qbittorrent Coloque os torrents para baixar direto no servidor ao invés de deixar sua máquina ligada.
• Prometheus e Grafana para monitorar seu servidor.
• Home Assistant para integrar todas suas automações residenciais.
• Frigate para gravação de câmeras. Não precisamos mais de NVR, DVR, etc.
• immich guarde suas fotos do celular direto no seu servidor, pra que usar google fotos, icloud?
• nextcloud faça seu próprio google drive.
• Ollama deploye sua própria IA, mas ai é bom ter placa de vídeo!
• Wireguard tenha sua própria VPN.
• Nginx tenha sua própria VPN.
• gitlab por que não ter o seu próprio repositório?
• gitlab por que não ter o seu próprio repositório?
• Stream Music se não quer pagar o spotify tem solução.
• Kubernetes em uma VM para estudos.

O que você usa na Internet provavelmente tem algum serviço similar que você não precisa pagar e pode rodar na sua própria infra.

Espero que realmente possa um dia investir em seu próprio server!